quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Cogito, ergo sum - Descartes



"Descartes deseja ser o nível da cognição um self-made-man. Ele é o Samuel Smiles do empreendimento cognitivo"
Ernest Gellner


O Seminário que serviu como tema para o 3º bimestre de 2007 do curso de filosofia, foi o apresentado pelo Grupo Cartesius, que tratou da obra "O Discurso Sobre o Método", de René Descartes, também conhecido como Cartesius, que obviamente deu inspiração ao nome do Grupo.
Descartes foi um filósofo, físico e matemática, tendo se notabilizado por ser o inventor do sistema de coordenadas cartesiano, que influenciou o desenvolvimento do Cálculo moderno.
Ele é, para muitos, o fundador da filosofia moderna e pai da matématica moderna. Inspirou gerações de filósofos, desenvolvendo uma filosofia que só seria passada pela metodologia de Newton.
A dúvida foi o pilar do pensamento de Descartes. Ele pretendia fundamentar o conhecimento humano através de bases sólidas. E uma base sólida só seria averiguada após a contestação (dúvida) seguida de um julgamento que o levaria á certeza.
Sinteticamente, se duvidava, pensava, e se pensava , existia. Vem daí o termo "Cogito ergo sum" - "Penso, logo existo". Com isso Descartes anunciava a verdade primeira "eu existo" o que basta para todo desejo de conhecimento.
Seu método cartesiano, consistia portanto, no ceticismo metodológico. Duvidar de cada idéia que possa ser duvidada, a fim de provar que algo existe. Nada pode ser comprovado sem que antes tenha causado dúvida.
O método se baseava na realização de quatro tarefas básicas:
1) A evidência : Verificar possiveis evidências reais sobre o objeto estudado;
2) A análise : Dividir cada umas das dificuldades em quantas parcelas forem possíveis;
3) A síntese : Agrupar novamente as idéias num todo verdadeiro e;
4) A enumeração : de todas as conclusões e princípios estudados, a fim de manter a ordem do pensamento.

Apesar de apresentado de modo claro, o seminário terminou com alguns questionamentos e muitas caras de "O que estão falando?". Enfim foi transmitido com grande estudo.
Esse é Descartes, essa é sua base de pensamento. Tire pois suas conclusões.

EU X NÓS

O nosso mini-seminário deste 3º bimestre foi sobre o egocentrismo, o qual, hoje em dia, faz com que as pessoas pensem muito mais nelas mesmas do que no coletivo; elas esquecem que fazem parte de um universo e que não são o universo em si.
Muitos dos problemas contemporâneos são causados devido ao egocentrismo humano, responsável por provocar, no homem, ganância por poder, por dinheiro, por fama etc.
Não se pode dizer que todos, mas grande parte dos problemas se resolveriam se as pessoas pensassem coletivamente e não individulamente, se elas pensassem no nós e não no eu, apenas.
O sistema capitalista nos acostuma a pensar que, na vida, é cada um por si, pois ninguém está interessado no outro, por isso devemos guiar nossas vidas de acordo com nossos próprios interesses.
Este pensamento deveria ser abolido, mas, infelizmente, já está enraizado na história da humanidade. Entretanto, cada um tem que fazer sua parte e usar seu livre-arbítrio para tentar mudar o rumo de sua trajetória.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Livre Arbítrio ?!?


No dia 16 de agosto, o grupo Douta-Ignorância apresentou como o LIVRE ARBÍTRIO como tema para seu mini-seminário. Algumas coisas chamaram a atenção na apresentação, a meu ver principalmente pela discordância entre tema e modo de apresentação, ou melhor, do debate que se segue ao fim dos seminários.

Definiu-se o livre arbítrio como a “possibilidade de decidir e escolher em função da própria vontade”. Creio que a maioria das pessoas, se não todas elas, pensam exatamente assim. Tema interessante e daria uma bela discussão, visto que o homem decide todos os seus passos, decide dia-a-dia sua vida pelo livre arbítrio que lhe foi concedido (resta saber por quem).

Infelizmente algumas pessoas do grupo pareciam alteradas no fim do seminário e o debate foi interrompido várias vezes quando alguém discordava do que parecia o ponto de vista central do grupo. E interrompidos com rispidez. Contraditório? Parece, não acham? Onde fica o livre arbítrio de opinar e dizer o que pensamos sem sermos ‘polidos’?

Fiquei pensando nisso quando o seminário acabou, enfim... Prova de que nem tudo é livre nesse país, nem mesmo na sala de aula.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Dom de Não Entender

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Admirável Mundo Novo

Segue abaixo um comentário sobre a Utopia de Thomas More, tema do seminário do nosso grupo.

A concepção da ilha de Utopia está toda enraizada em duas idéias: a não existência da propriedade privada é a primeira. A segunda é o alcance dos interesses individuais, entendido como apenas viável, se feito através do preenchimento prévio das necessidades coletivas. Esses conceitos são centrais na obra. Todo os outros elementos do funcionamento tanto dos costumes, quanto da cultura, como do governo são diretamente ligados a esses pontos. O autor vê a propriedade privada como a essência das mazelas do homem. Podemos entender
como propriedade privada a desigualdade material, e se refere muito mais a propriedade privada como vemos hoje, do que à concentração de riquezas por direito de posse, como no caso da nobreza européia tradicional. Da mesma forma, a necessidade de ver a sociedade como um conjunto e de subordinar os interesses individuais aos coletivos são a única maneira de alcançar prosperidade e progresso.

Thomas More escreveu uma obra onde descreve uma sociedade que entende como melhor que aquela onde vivia. Isso todos sabem. O próprio nome da ilha acaba apontando essa concepção geral de que Utopia (que vem do grego, ou-topos: lugar nenhum) é considerada como o local onde se encontraria a sociedade ideal, e sendo ideal, inalcançável. Mas embora o nome da ilha indique que esta exista em um lugar nenhum, ela é situada geograficamente na América, no novo mundo. Ela não é colocada num lugar imaginário, num lugar espiritual, ou num lugar perdido. A ilha existiria no novo continente, sendo então possível fazer a viagem para lá. E é exatamente o que fez Rafael Hitlodeu, o viajante do qual supostamente More ouviu falar da ilha. Por sinal, idoso e sábio, Rafael Hitlodeu representa o rei filósofo de Platão. Essa localização no Novo Mundo está ligada a idéia da esperança de um novo tempo, de uma nova era para o homem, que é o Renascimento e o Humanismo. A descoberta de uma nova terra trazia consigo uma nova chance, isto é, para os insatisfeitos com o mundo europeu, a possibilidade tanto de encontrar uma nova civilização melhor, quanto um novo lugar para experimentar. O Humanismo do autor estava fazendo um grande rompimento com a idade média, não estava interessado na promessa de uma recompensa no além, no espírito, está preocupado com o mundo físico, com o mundo temporal. Um dos maiores méritos do livro Thomas More foi deslocar o Paraíso para o mundo real.

[ suposto mapa de utopia ]

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Normal

Escrevi esse texto há algumas semanas atrás. Acho que as idéias que coloquei nele ilustram e, de alguma forma, complementam o que a Letícia nos trouxe no post anterior. Espero que vocês gostem!

Você é especial e eu também. Sua crise existencial já tive ontem. Também sou o fã número um. E o mundo tampouco me compreende, mesmo sendo feito para nós todos. Todos ciência, equação. Eu e você. Tudo igual. Especial? Sim, isso é normal.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Contradição


Queria deixar aqui uma coisa que a Nathalie comentou quando a gente preparava nosso mini-seminário e achei interessante. Era sobre a tendência das pessoas se mostrarem (ou pelo menos tentarem se mostrar) individuais, diferentes. Parece que está “na moda” querer chamar a atenção pela diferença. Ao mesmo tempo, muitos estudiosos afirmam o inverso: há a solidificação de uma cultura de massas com tendência a padronização de costumes e pensamentos.

Ouvimos na rádio as mesmas músicas que estão no topo da lista de rádios americanas, européias, entre outras. A maioria se veste de maneira particularmente igual: jeans ou roupas e calçados da moda. Seguimos modas lançadas por personagens de novelas e figuras famosas. Grande parte de nossos assuntos do dia-a-dia, como vimos nas aulas de Sociologia, são “pautados” pela mídia. Com a facilidade que aderimos a uma idéia que vemos na TV, também nos livramos dela, a partir do momento que não assistimos mais esse determinado assunto.

Há exceções, mas acredito que muita gente que se sente diferente, no fundo é igual a todo mundo. À medida que estamos cada vez mais iguais, achamos que somos cada vez mais diferentes.